A mãe de todos os continentes, África tem uma energia especial. As cores, os cheiros, as gentes e mesmo o céu têm cheiros diferentes. Têm mais vida, mais paixão, mais raiva, mais sofrimento. A pele, da mãe África, é rija, como couro.
Há mais de um mês fora de casa. Primeiro, pelo Norte do país. Agora, no fim do Mundo. No continente onde uma bola faz correr milhões. Onde uma bola ajuda a juntar os que os homens tinham separado, onde uma bola desperta paixões, a África do Sul está no centro do Mundo. E o Mundo quer saber mais.
Quantos são? De que vivem? onde comem? É seguro? E à noite? E a equipa? Vamos lá? Ronaldo, nas alas ou à frente? Pepe ou Pedro Mendes? Villa, Torres, Iniesta, Xavi, será sequer possível? Não há volta a dar, nesta altura, o mundo voltou a girar em torno da África do Sul. A naçáo do Arco-Iris.
São racistas os seguidores de Mandela. Madiba, por quem têm uma adoração messiânica, está a morrer e os mortais começam a movimentar-se. Uns desculpam-se com o medo para comprar armas, outros montam desavergonhados esquemas de corrupção. E pedir perdão não é sequer hipótese. Na África do Sul, a igualdade foi imposta à força e ainda não tiveram tempo para a digerir. Linguas oficiais, são onze. Tantas como as etnias. Depois é preciso juntar-lhes os único caras pálidas, verdadeiramente naturais do continente.
A mãe África, tem mesmo uma energia diferente. Na África do Sul, um país com todos os ingredientes para ser digno de UNESCO, há muitos a tentar empurrar o país para a frente. A tentar melhorar. Presididos por um louco, os sul africanos estão preocupados com o Mundial. Querem fazer boa figura. Querem mostrar sorrisos e nas ruas quase foram decretados obrigatórios.
Apanharam os larápios do hotel e condenaram-nos em 48 horas. Mesmo desinteressados, no momentos de emergência, os locais ofereceram abrigo. E a paisagem manteve-se esmagadora. De noite, o céu em África é perfeito. Limpo, enorme e com as estrelas a começarem à altura do olhar. De dia, o céu africano é enorme e ajuda a respirar mais e ainda mais fundo. África, tem mesmo uma energia diferente.
Com Portugal a embarcar para 90' de tormentas, o dia será decisivo. É a hora do mata mata, do tudo ou nada a hora em que se destacam os bravos. Serão os nossos craques capazes de fazer história contra uma das melhores equipas do Mundo? Em África, amanhã voltarão os portugueses voltam a estar perto do controlo do leme. Não sei quem irá ditar a orientação do leme, mas contra as probabilidades das bWins, amanhã entramos em campo com a energia da terra onde das tormentas se fez Boa Esperança.
Enjoy
terça-feira, 29 de junho de 2010
domingo, 30 de maio de 2010
South Africa - Os 24
Nos últimos dias vi meninos de vinte anos a serem tratados como realeza. Hoje vi duzentos mil, a protestar por melhores condições de vida. Em poucos dias, passei do país do faz de conta, para o real. O bem real.
Parece que chegam cansados. Que tiveram épocas de pontapés na bola esgotantes e que alguns até se estão a retirar. Até há quem diga que chegam com o sentimento de que fazem um favor aos pobres coitados que vão assistir aos treinos. Há quem diga muita coisa.
No país dos recibos verdes, dos ordenados de 400€ e em que as ajudas sociais são discutidas, há 24 com direito a tratamento de luxo. Se magoam uma unha? Alguém lhes faz o tratamento. Se querem descansar? Reservam-lhes dois hotéis no topo do país. E ainda vivem rodeados de gente focadas em garantir-lhes o bem estar. Ganham 800€ por dia.
Geram e recebem milhões. Mas as cidades enchem para os ver passar e até o mais lúcido dos cidadãos perde o controlo com uma das suas pancadas na bola. Têm o dom dos sprints que causam calafrios e dos saltos que nos deixam respirar fundo. Bem ou mal aproveitado, bem ou mal entregue, os melhores têm um dom especial. O de fazer, nem que seja por breves instantes, esquecer tudo o resto. Por isso, fazem-se pagar bem e nem é a maior injustiça conhecida.
Hoje, milhares de pessoas pediram justiça. Nos ordenados, nas oportunidades de vida e na sorte. E ainda assim chego ao fim do dia convencido que a solução não se avizinha fácil. A luta vai ser dura , longa e o desfecho nem é sequer fácil de prever. Os 24 não estão entre os culpados, nem tão pouco entre os que podem ajudar a resolver o problema. Mas têm um dom e desta vez, se calhar mais que nunca, deviam ter brio em o exibir. Nem que fosse por breves instantes, fariam esquecer tudo o resto. Nestas alturas, ricos, remediados ou pobres têm de ter brio. Dar o exemplo e provar que, seja em que divisão for, são capazes de vencer.
Tony Allen, Secret Agent
Enjoy
Parece que chegam cansados. Que tiveram épocas de pontapés na bola esgotantes e que alguns até se estão a retirar. Até há quem diga que chegam com o sentimento de que fazem um favor aos pobres coitados que vão assistir aos treinos. Há quem diga muita coisa.
No país dos recibos verdes, dos ordenados de 400€ e em que as ajudas sociais são discutidas, há 24 com direito a tratamento de luxo. Se magoam uma unha? Alguém lhes faz o tratamento. Se querem descansar? Reservam-lhes dois hotéis no topo do país. E ainda vivem rodeados de gente focadas em garantir-lhes o bem estar. Ganham 800€ por dia.
Geram e recebem milhões. Mas as cidades enchem para os ver passar e até o mais lúcido dos cidadãos perde o controlo com uma das suas pancadas na bola. Têm o dom dos sprints que causam calafrios e dos saltos que nos deixam respirar fundo. Bem ou mal aproveitado, bem ou mal entregue, os melhores têm um dom especial. O de fazer, nem que seja por breves instantes, esquecer tudo o resto. Por isso, fazem-se pagar bem e nem é a maior injustiça conhecida.
Hoje, milhares de pessoas pediram justiça. Nos ordenados, nas oportunidades de vida e na sorte. E ainda assim chego ao fim do dia convencido que a solução não se avizinha fácil. A luta vai ser dura , longa e o desfecho nem é sequer fácil de prever. Os 24 não estão entre os culpados, nem tão pouco entre os que podem ajudar a resolver o problema. Mas têm um dom e desta vez, se calhar mais que nunca, deviam ter brio em o exibir. Nem que fosse por breves instantes, fariam esquecer tudo o resto. Nestas alturas, ricos, remediados ou pobres têm de ter brio. Dar o exemplo e provar que, seja em que divisão for, são capazes de vencer.
Tony Allen, Secret Agent
Enjoy
domingo, 16 de maio de 2010
My favorite things
Dei por mim a pensar, outra vez, nas minhas coisas favoritas. Sol e música, são dois pontos assentes. Além disso, preciso de ter a família, de sangue ou de vida, por perto. Gostar de estar sozinho é bem diferente de suportar viver só. E eu gosto de companhia.
Gosto de sorrisos honestos. Daqueles que não enganam. Em que não dá para disfarçar. Em que se deixa tudo num gesto que, diziam os padres na idade média, nos pode fazer parecer macacos. Além de libertador, rir sabe, pura e simplesmente, bem.
My Favorite Things
Enjoy
Gosto de sorrisos honestos. Daqueles que não enganam. Em que não dá para disfarçar. Em que se deixa tudo num gesto que, diziam os padres na idade média, nos pode fazer parecer macacos. Além de libertador, rir sabe, pura e simplesmente, bem.
My Favorite Things
Enjoy
terça-feira, 11 de maio de 2010
quarta-feira, 21 de abril de 2010
segunda-feira, 12 de abril de 2010
Entusiasmo
Dizem que foi o concerto que acabou com os sixties. A 6 de Dezembro de 1969, meses depois de Woodstock, com os Rolling Stones como mentores e cabeças-de-cartaz. Um concerto gratuito, nos arredores de San Francisco para tentar recriar o espírito do festival dos "Três dias de Paz e Música". Falharam.
No início de Gimme Shelter (1970), de Albert e David Maysles e Charlotte Zwerin, ouvem-se os organizadores anunciar uma experiência sociológica. "Estão a estacionar no sítio errado. Mas deixem-nos estar", dizem. Pela primeira vez, o princípio seria: os espectadores decidem. Cinco dias antes ainda não tinham recinto e as previsões apontavam para perto de vinte mil espectadores.
Apareceram 300 mil e ainda ninguém, sequer, pensara em segurança. Nas 'barraquinhas', em vez de sandes vendiam-se os aditivos químicos. Para todos os gostos e feitios, dos bons e dos maus e até alguns naturais. Até aqui, nada de novo. E o cartaz até ajudava ao festival onde os Hells Angels tinham sido convocados para o papel de Seguranças.
Mas sem ninguém saber, o mood de Woodstock tinha mudado. O guitarrista dos Jefferson Airplane foi espancado, assim como o baterista dos Gratefull Dead e, salvo erro, o guitarrista que acompanhava o Santana. Entre o público e os Hells Angels, também não apareceu nenhuma empatia. Reza a lenda que a turminha hippie pontapeou umas das Harleys que os seguranças tinham estacionado em frente ao palco. Depois, chegaram os Rolling Stones.
Cada música teve o final antecipado, com Jagger e Richards a pedir para que os ânimos acalmassem e escolherem as mais calmas do reportório. Não sei se terá sido a primeira vez que uma multidão revelou mau feitio, mas é certo que naquela noite não faltaram sopapos entre a geração flower power.
Uns entusiasmados com o consumo de drogas. Outros com um, estranhamente, legal estatuto de autoridade. E à volta do palco, meia dúzia de estrelas com pouco treino entre enchentes e, sobretudo, muita vontade de contrariar a "autoridade". Ao som de Under my Thumb, a escaramuça atingiu o nível histórico. Quando um tal de Meredith Hunter, bem em frente ao palco, sacou a pistola, bem frente ao palco. A reacção do Hell Angel de serviço, apareceu na ponta de uma faca. A autópsia disse que o puto de 18 anos morreu com facadas na orelha, nas costas, marcas de pontapés em todo o corpo e uma grande dose de metanfetaminas. Diz a lenda que queria disparar sobre a banda.
Pelo que tenho visto nas madrugadas do Cais Sodré, não sei se hoje a resposta da Autoridade seria muito diferente. Mas naquele festival, nos arredores de cidade Harvey Milk, o espírito da Paz e do Amor morreu. Quatro nascimentos e quatro mortes, fazem o saldo da última noite da década. Brian Jones despedira-se em Junho e nos dois anos seguintes, Morrison, Joplin, Hendrix também foram e naturalmente, a música e o mood do Mundo mudou.
Terá sido do excesso de entusiasmo?
Enjoy
No início de Gimme Shelter (1970), de Albert e David Maysles e Charlotte Zwerin, ouvem-se os organizadores anunciar uma experiência sociológica. "Estão a estacionar no sítio errado. Mas deixem-nos estar", dizem. Pela primeira vez, o princípio seria: os espectadores decidem. Cinco dias antes ainda não tinham recinto e as previsões apontavam para perto de vinte mil espectadores.
Apareceram 300 mil e ainda ninguém, sequer, pensara em segurança. Nas 'barraquinhas', em vez de sandes vendiam-se os aditivos químicos. Para todos os gostos e feitios, dos bons e dos maus e até alguns naturais. Até aqui, nada de novo. E o cartaz até ajudava ao festival onde os Hells Angels tinham sido convocados para o papel de Seguranças.
Mas sem ninguém saber, o mood de Woodstock tinha mudado. O guitarrista dos Jefferson Airplane foi espancado, assim como o baterista dos Gratefull Dead e, salvo erro, o guitarrista que acompanhava o Santana. Entre o público e os Hells Angels, também não apareceu nenhuma empatia. Reza a lenda que a turminha hippie pontapeou umas das Harleys que os seguranças tinham estacionado em frente ao palco. Depois, chegaram os Rolling Stones.
Cada música teve o final antecipado, com Jagger e Richards a pedir para que os ânimos acalmassem e escolherem as mais calmas do reportório. Não sei se terá sido a primeira vez que uma multidão revelou mau feitio, mas é certo que naquela noite não faltaram sopapos entre a geração flower power.
Uns entusiasmados com o consumo de drogas. Outros com um, estranhamente, legal estatuto de autoridade. E à volta do palco, meia dúzia de estrelas com pouco treino entre enchentes e, sobretudo, muita vontade de contrariar a "autoridade". Ao som de Under my Thumb, a escaramuça atingiu o nível histórico. Quando um tal de Meredith Hunter, bem em frente ao palco, sacou a pistola, bem frente ao palco. A reacção do Hell Angel de serviço, apareceu na ponta de uma faca. A autópsia disse que o puto de 18 anos morreu com facadas na orelha, nas costas, marcas de pontapés em todo o corpo e uma grande dose de metanfetaminas. Diz a lenda que queria disparar sobre a banda.
Pelo que tenho visto nas madrugadas do Cais Sodré, não sei se hoje a resposta da Autoridade seria muito diferente. Mas naquele festival, nos arredores de cidade Harvey Milk, o espírito da Paz e do Amor morreu. Quatro nascimentos e quatro mortes, fazem o saldo da última noite da década. Brian Jones despedira-se em Junho e nos dois anos seguintes, Morrison, Joplin, Hendrix também foram e naturalmente, a música e o mood do Mundo mudou.
Terá sido do excesso de entusiasmo?
Enjoy
segunda-feira, 29 de março de 2010
Castels made of sand
Despertar tardio e com o corpo bem usado. Depois de celebrar o "jogo título", o roteiro ditou Morangoska e Cais do Sodré. De madrugada, decidi cancelar a ida à praia para a manhã seguinte e acabei por sair apressado do Mercado da Ribeira. Nunca é fácil uma noite em que somos obrigados a reconhecer que Lisboa pode ser uma cidade ameaçadora. E a de Sábado não o foi.
Mesmo sem grande ritmo, com uma ou outra piada, a noite lá se foi fazendo. O suficiente para chegar a casa já bem gasto. Hoje, inevitavelmente, acabei por me deixar dormir. Soube bem, ler o jornal, com o mp3 a fazer companhia e o sol a aquecer as costas. Em paz.
Ainda assim, fosse na noite, ao acordar, ou na esplanada faltou-me sempre qualquer coisa. Será que é por ter surfado duas vezes em dois meses?
Castels made of sand
Enjoy
Mesmo sem grande ritmo, com uma ou outra piada, a noite lá se foi fazendo. O suficiente para chegar a casa já bem gasto. Hoje, inevitavelmente, acabei por me deixar dormir. Soube bem, ler o jornal, com o mp3 a fazer companhia e o sol a aquecer as costas. Em paz.
Ainda assim, fosse na noite, ao acordar, ou na esplanada faltou-me sempre qualquer coisa. Será que é por ter surfado duas vezes em dois meses?
Castels made of sand
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